Quem vem de Estremoz chega lá por meio de uma estrada estreita e com curvas apertadas. Ao final das tardes de Verão, com o calor ainda no ar, a Serra de Ossa atinge todo o seu esplendor. Transposto o cume, deixa-se à esquerda o Convento de São Paulo e chega-se à Aldeia da Serra. Ainda conheci as antigas instalações do Chana, tipo taberna, a poucos metros da moderna casa. Tenho ideia de na altura não haver ementa, sendo o cardápio desfiado pelo Sr. Bernardino no seu jeito particular, detalhado e sorridente. Além da simpatia do proprietário, há aqui pratos que não se comem em mais lado nenhum.
Um desses pratos é a sopa de tomate, mas já lá vamos. Comecemos pelo pãozinho bom e azeitonas maravilhosas. Para entrada, os pimentos assados só com sal, alho picadinho e azeite. Os pimentos do Chana são imbatíveis na sua simplicidade.
A sopa de tomate. Primeiro chega à mesa o prato com pão às fatias, depois a travessa com o ovo escalfado (neste caso, como era para dividir, tiveram a atenção de sugerir e trazer dois ovos), os enchidos partidos aos pedaços, o bocadinho de carne de porco frita, o bocadinho de entrecosto, a postazinha de bacalhau. Por fim vem o caldo, de um vermelho vivo, um tom quase indiano, com muita cebola e pimentos. As carnes e os enchidos fritos, o ovo e a liliputiana posta de bacalhau emprestam magia à sopa, mas o caldo é de facto a sua alma. Um verdadeiro prato 5 estrelas (são raros).
Depois desta iguaria mandámos vir umas migas com carne de porco. Saborosas, mas nada comparável à sopa de tomate. Para sobremesa, pedimos umas farófias. Apesar de estarmos cheios não nos arrependemos. Eram umas farófias caseiras como mandam as regras, parecidas com umas que uma vez fizemos em casa (e que deram um trabalhão dos diabos!). A rematar tudo isto, o Sr. Bernardino trouxe a sua garrafa de licor de poejo, de um amarelo, diria, radioactivo. Muito bom para fechar a refeição. Em seguida fizemo-nos à estrada, com umas curvas pelo meio para desmoer o jantar.
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