quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Armazém de fogos de artifício e artigos de Carnaval

Retirado da contracapa de Historia da Revolução - fielmente descripta

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Zé do Barrete, Caldas da Rainha

Estando a família de visita às Caldas da Rainha, pedimos conselho a um amigo conhecedor da região sobre onde comer. Da última vez almoçáramos - muito bem, barato e até com um certo requinte - no Sons, Tons & Sabores, restaurante do Centro Cultural e de Congressos, que deixou boas recordações.

"Existe uma tasquinha numa ruazinha assim assado, o Zé do Barrete, onde gosto de ir", sugeriu esse amigo (o mesmo que sugerira o ST&S no CCC). Chegámos tarde, perto das duas e meia, pois antes andáramos às compras no incomparável mercado da Praça da Fruta. Mas fomos bem recebidos. Nada daqueles ares enjoados ou daqueles irritantes "Vou ver se a cozinha ainda está aberta".

O pão, broa e azeitonas eram simplesmente óptimos. Para conduto, pedimos uma dose (também há meias) de carne estufada com puré (11 euros) e outra dose de bacalhau à lagareiro (12 euros), ambos pratos do dia. Antes, uma sopa de legumes, apreciada por todos.

A ementa: o restaurante chama-se mesmo Zé do Barrete

A carne era macia e saborosa, assim como o puré. Acompanhou-a também uma dose de batatas fritas pedida à parte, das verdadeiras. O bacalhau, como se previa, também estava óptimo, as batatas a murro sabiam a batata, no bom sentido. Enfim, comida caseira, honesta, bem confeccionada, com as excelentes matérias-primas da região. E tudo servido com grande simpatia. No final ainda houve direito a arroz doce. Total de uma refeição para quatro: €34,70.

A travessa da carne estufada. O puré ficava óptimo com molho

É sempre bom regressar às Caldas (quem é de lá diz 'a Caldas'), visitar a praça da Fruta e passear pela rua pedonal. Ainda mais quando se almoça tão bem e em conta.

A travessa do bacalhau à lagareiro com batata a murro

Resumindo: o Zé do Barrete não faz jus ao nome - podem ir à confiança que não enfiam nenhum barrete!


Restaurante Zé do Barrete
Travessa Cova da Onça, 16
Caldas da Rainha

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Este homem escreve maravilhosamente

Acaba de ser editado em Portugal, pela Planeta, o mais recente livro de Carlos Ruiz Zaffón, o último da tetralogia 'O cemitério dos livros esquecidos'.

«Começava a andar, mas lembro-me de que me pesava a roupa, os sapatos e até a pele. Cada passo que dava exigia mais esforço que o anterior. Ao chegar às Ramblas, notava que a cidade ficara suspensa num instante infinito. As pessoas tinham detido o passo e pareciam congeladas como figuras numa velha fotografia. Um pombo que levantava voo desenhava apenas o esboço esborratado de um bater de asas. Grãos de pólen flutuavam no ar como luz em pó».

O Labirinto dos Espíritos

Calouste Sarkis Gulbenkian - recollections of his grandson

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Chaplin: possivelmente, o maior génio do século XX


Um momento tocante. A ovação durou 12 minutos.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Museu do Atum, Praia do Barril

É uma pena este espaço magnífico, tão bem situado, estar há anos numa situação de indefinição, quando não de abandono. Será por causa da distância da povoação mais próxima (o aldeamento Pedras del Rey) e da demora para a percorrer, sobretudo à noite, quando o comboiozinho só parte de meia em meia hora? É que, na praia, um restaurante tradicional quase não tem clientela ao almoço (as pessoas querem é comer sandes em cima da toalha) - e neste caso ao jantar, dado esse obstáculo imposto pela distância... também não.

Lembro-me de, há muitos anos, comer ali umas belas salsichas frescas grelhadas por um senhor que tinha olhos de chinês e usava um chapéu de cozinheiro. Depois ainda tentaram implantar ali jantares de barbecue - mas sempre com pouco sucesso.

Pois bem, agora a antiga construção do Arraial do Barril foi ocupada pelo Museu do Atum, um tema bem apropriado. A decoração está muito bonita e cuidada, como se pode ver pelas fotos. A comida, não a experimentei. Gostava muito que vingasse, mas tenho sérias dúvidas.

Clique em cima das fotos para aumentar.













terça-feira, 5 de julho de 2016

Restaurante "O Galito"

A sopa de tomate e o pratinho das carnes. A coisa com 
um aspecto repugnante que se vê na sopa e parece 
as entranhas de um animal é, na realidade, um figo!

O Comilão visitou esta tarde "O Galito", restaurante típico alentejano sito num local menos típico, um largo no bairro de Benfica/ Luz.

Começaram bem as entradas, com um painho fatiado, um queijinho, bacalhau desfiado com grão, torresmos (apresentados como "pipocas do Alentejo") e coelho desfiado. Tudo saboroso e acompanhado por flutes de imperial fresca.

Para prato principal foi pedido cabrito (uma dose = 17 euros), sopa de tomate (12 euros) e filetes de pescada com arroz de coentros.

O cabrito, embora não seja o mais típico dos pratos alentejanos (no Alentejo come-se sobretudo borrego), tinha muito boa pinta. O Comilão optou pela sopa de tomate com ovo escalfado e carne do alguidar, que é muito parecida com a do Chana, na Serra d'Ossa (embora esta mais completa, pois leva também uma postinha de bacalhau e farinheira). Esta, porém, tem uma novidade: figo.

A sopa estava excelente, muito aromática (leva ervas como orégãos, louro e talvez mais qualquer coisa), as carnes também muito boas, a esplanada, embora o largo seja incaracterístico, muito agradável. A companhia também ajudou.

Enfim, uma refeição muito simpática num local até aqui desconhecido pelo Comilão.

terça-feira, 28 de junho de 2016

E não é que se come bem no Ikea?

De há tempos para cá, por circunstâncias da vida, temos comido várias vezes no Ikea. E não é que gostamos? Aqui na imagem temos um lombo de salmão com molho holandês, grelos e uma coisa óptima que é uma forminha de batata com brócolos (penso que se chama 'esmagada' de batata).

Devo dizer que o salmão não é o meu peixe favorito, mas aqui gosto. Os grelos podiam ser mais cozidos, para ficarem mais tenros e o molho holandês desta vez sabia excessivamente a caril. Mas a combinação de tudo resulta numa refeição diferente e muito agradável.

De outras vezes já tenho comido o lombo de bacalhau, que também recomendo, e o pernil no forno, que dá para duas pessoas. É tudo bom, até as famigeradas almôndegas (que ao que parece são de carne de cavalo, o que não me impressiona), que ligam muito bem com a compota de frutos vermelhos.

As sobremesas também são muito boas. E o preço de uma refeição para dois, com dois pratos, sumos, sobremesa partilhada e café fica nuns módicos 16 euros. Não se pode exigir mais.

o salmão com molho holandês

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Restaurante Entra (Beato)

Foi uma agradável surpresa, este Entra, na Rua do Açúcar (esquina com a José Domingos Barreira). As sopas são óptimas e os pratos que provei também revelaram qualidade.

O ambiente é o de tasca moderna, se assim se pode dizer. Balcão de pedra, ardósia com sugestão de petiscos na parede. Tudo simples, mas com um toque de modernidade.

sopa de feijão encarnado com nabiças


Da primeira vez, comi uma sopa de espargos e pastéis de bacalhau com arroz de tomate. Sopa: excelente; pastéis: razoavelmente bons; arroz de tomate: dos melhores que tenho comido. Viu-se logo ali que era um restaurante com boa cozinha.

Numa segunda visita comi um arroz de pato. Bom, mas não de perder a cabeça.

Na mais recente visita, comi uma sopa de feijão com nabiça - excelente - um bife (a carne era de grande qualidade, como já havia notado noutra ocasião) e um pernil. O pernil não era o tradicional: vinha desfiado, com cebola confitada e torresmos. Bastante bom, não obstante um certo travo a carne de porco aquecida.

Um reparo para a rigidez dos pratos: por exemplo, pede-se salada de alface e não têm (!), batatas fritas, se não for dia delas, idem.
pastéis de bacalhau com arroz de tomate

O serviço é simpático.

Veredicto: 4 estrelas.
Restaurante com boa cozinha.
Vale o preço (média 15 euros) sobretudo pela comida, em geral muito boa, com um equilíbrio conseguido (como o próprio ambiente) entre a gastronomia tradicional e alguma criatividade. Contras: ementa curta, falta de alternativas ao nível dos acompanhamentos.
Nunca provei os petiscos, que até são, aparentemente, o 'prato forte' da casa. Mas, pelo que provei em três visitas, posso recomendar: vale a pena entrar no Entra.


pernil com arroz primavera

terça-feira, 1 de março de 2016

No avião

Há quem adore criticar a comida servida a bordo. Pois eu critico é quando não é servida qualquer refeição, como nos voos das companhias low cost (em que, ainda por cima, as sandes à venda estão ressequidas).

Pois bem, ainda assim devo notar que o tabuleiro tem encolhido e neste momento é cerca de metade do que costumava ser, ocupando apenas uma estreita faixa da estante/prateleira que sai das costas do banco da frente.

No voo da TAP para Veneza, foi servida uma refeição quente: um pãozinho, manteiga e depois uma daquelas marmitas de metal com salsichas (não sei de quê, quem sabe vegetarianas) e puré. No caso das salsichas, nunca o epíteto 'comida de plástico' foi tão verdadeiro. Ainda assim gostei. E o puré estava ótimo. Para finalizar havia fruta. O vinho servido na económica é Esteva.

No regresso, houve direito a lanche: uma sandes de pão de forma de mistura (?, daquele sarapintado) muito boa, fruta e um pauzinho de Twix (antigo Raider). Agradável.

P.S. sou um fã de comida de avião.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Poirot - Crime na Mesopotâmia

- Eu sempre quis escavar a terra e descobrir os segredos que o tempo enterrou - diz o Dr. Leidner, arqueólogo.
- Exactement. Escavar o passado, peneirar em busca de pistas. E, para nós, as pessoas mais importantes são os mortos. (H. Poirot)




«O mundo está a afundar-se em papelada».
«Factos. São as pedras que pavimentam o nosso caminho»

Pensamento do dia

Autoridade - a verdadeira autoridade - é dizer um evidente disparate e os outros concordarem sem hesitações.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Margarida Acciaiuoli, Casas com Escritos - uma história da habitação em Lisboa

Excertos de Ribeiro Colaço:

«Na construção do prédio moderno há um grande deus que está sempre presente em toda a parte, e de quem tudo depende: é o cimento armado. Mas nada pode alterar a doçura dos nossos costumes; e o cimento só é armado, armado até aos dentes, lá fora; entre nós é o cimento armado para 'armar ao efeito'; - e deve dizer-se que o resultado não é brilhante.» p. 443

«as pedras, por terem sido sempre pedras, «não estranham muito ao verem que estão metidas numa parede dura», ao passo que o cimento, sendo «um pó muito fino, e a areia, segundo dizia uma quadra popular, um elemento que parecia estar consorciado com o Oceano», quando misturados por mão humana, «não fazem outra coisa senão chorar». E choravam tanto que, frequentemente, os moradores de alguns prédios recentes tinham que dormir com a cabeça embrulhada numa mantilha de lã, no caso de não quererem que na manhã seguinte os seus cabelos lhes escorressem até à cintura» p. 445

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Paulo Otero, Os Últimos Meses de Salazar

Alguns apontamentos da leitura desta obra publicada pela Almedina (2008):

Salazar exige que o incidente (a queda da cadeira, a 3 de Agosto) não seja divulgado (p. 33-34). Mas, a 5 de Setembro, a governanta, vendo-o tomado por uma extrema palidez, desobedece-lhe e chama o médico. Salazar queixa-se de dores de cabeça (p. 43)

Finalmente acede a ser observado no hospital.

Uma enfermeira de serviço vira-se para o médico e pergunta: «Quem é este velhinho?» p 49

Quando lhe perguntam se quer que se chame um confessor, interrompe: «Isto é um hospital ou uma igreja?» p. 56

A operação termina às 6h30 da manhã. Às 8h, a BBC e a RN Espanha dão a notícia. Às 9h é a vez da Emissora Nacional, mas omitindo a intervenção cirúrgica. Dia 16, após recuperar da operação, sofre AVC e fica às portas da morte.

A 26/09 Thomaz exonera-o do cago de Presidente do Conselho (p. 72)

A agência Magno é contactada e chama-se um escultor para fazer a máscara fúnebre (p. 74).

A partir do AVC fica votado a «uma existência sub-humana, sustentada por fios, aparelhos e cuidados médicos [...]. Do ponto de vista clínico já devia ter morrido mil vezes» (p. 77)

A 5 de Fevereiro regressa a casa. Permanece diminuído, isolado do mundo exterior. Só o deixam ver notícias seleccionadas. (p. 83-85)