Mais um belo álbum de arquitectura editado pela casa de Colónia. Com a mais-valia de tratar um tema até aqui esquecido: a originalidade das obras, por vezes colossais, que despontaram sobretudo nos territórios periféricos da URSS nos anos 1970-1991. O espírito desta pesquisa é semelhante ao que deu origem a Bunker Archeology, de Paul Virilio (sobre as ruínas do Muro Atlântico, uma gigantesca rede de fortificações começada a construir pelos alemães na costa ocidental francesa, para prevenir uma invasão dos Aliados). Aqui fica um excerto do brilhante ensaio que abre o livro: «Os objectos aqui apresentados emergiram longe da Califórnia, sob as diferentes latitudes da URSS. Manifestam a alucinação colectiva de uma época, o must da space age: a nave espacial. A rivalidade entre os dois blocos era tanta que, da América à Rússia, eram partilhados os mesmos fantasmas [...]. A partir de um horizonte comum, a aventura espacial, e do mesmo culto, o da ciência, desenvolve-se um desejo semelhante de absoluto. Astronauta ou cosmonauta, o homem novo libertava-se da gravidade. Gagarine gabava-se de não se ter cruzado com Deus no espaço. O progresso ia esclarecer os grandes mistérios. E, no entanto, a racionalidade triunfante não neutralizou o sonho. Muito pelo contrário. A ciência criou a sua própria mitologia, a ficção científica. Um género partilhado pelos dois blocos», pág. 29
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