Tudo começou com um capítulo de Experiencing Architecture, de Steen Eiler Rasmussen, onde se falava de uma obra de Corbusier em que tomavam parte o azul dos céus e o verde das árvores. Antes disso encontrava-me demasiado influenciado pelo Ornamento e Crime de Adolf Loos para dar importância à cor na arquitectura. Depois foi a viagem à Rússia, onde visitámos Tsarskoe Selo, um palácio azul-turquesa com ornamentos dourados. Em São Pertersburgo havia também uma cúpula pintada com um pigmento de um azul intenso. E por fim foi este livro que me fez tomar consciência de algo que já sabia há algum tempo. Chamava-se The Classic Italian Interior e, lá para o meio, mostrava uma elegante sala de estar cujas paredes se encontravam pintadas de um verde luxuoso. Como na altura estávamos a tornar a nossa futura casa habitável, levei a minha noiva à livraria Férin para ver o que eu tinha visto. Decidimos de comum acordo pintar um dos quartos mais ou menos daquela cor e fazer ali a nossa biblioteca. O primeiro resultado (usámos como modelo o tom de um livro grego da Loeb Classical Library) foi um choque. Mas à medida que íamos introduzindo as estantes de madeira, os livros, um tapete vermelho, pequenas gravuras de animais emolduradas, a cor parecia suavizar-se, até ir completamente ao lugar. Esse livro inspirador (e dispendioso: um exemplar custa 300 USD na Abebooks) ocupa hoje um lugar de honra numa estante de nossa casa.
p.s. A forma como a maioria dos arquitectos encara a cor está bem patente nas maquetas. O material preferido, o k-line, branco, 'clean' e liso, é adequado para a arquitectura modernista, mas dá uma ideia errada dos edifícios e das cidades, apagando as diferenças de cores e de texturas.
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