Do mesmo autor, existe na biblioteca do Comilão outro clássico, Architectural Principles in the Age of Humanism (e ainda gostaria de ter Born Under Saturn).
Sculpture - Processes and Principles é uma transcrição das aulas de Rudolf Wittkower, coligida já após a sua morte. Propõe um ângulo original, porque em vez da história desta disciplina, preocupa-se sobretudo com as práticas (processos) e as técnicas. Tudo é explicado com clareza. Aqui ficam alguns excertos:
«Em velho (diz-nos Baldinucci) Giovanni Bologna gostava de contar aos seus amigos como um dia, em Roma, ele tinha feito um modelo de sua própria invenção e tinha-o acabado, como diz a expressão, coll'alito (que pode ser traduzido por 'com muito cuidado', como se respirasse). Mostrou esta bela obra acabada ao grande Miguel Ângelo, que lhe pegou e a esmagou por inteiro; então fez uma nova com uma extraordinária facilidade, mas completamente diferente da que o jovem Giovanni Bologna lhe tinha mostrado, e disse: 'Primeiro aprende a fazer o esboço e só depois o acabamento'» p. 153
«Para o escultor, a parte da cabeça humana (e talvez até de toda a figura humana) mais difícil de representar é o olho. Isto deve-se, evidentemente, ao facto de, de todas as partes do corpo humano, o olho ser a única que se define apenas em termos de cor e não de forma: a íris e a pupila» p. 188
«A relação entre o bozzetto e a execução ilustra um afastamento decisivo de um início relativamente clássico em direcção a um estilo não-clássico, inteiramente pessoal e emotivo. Bernini começava com uma figura clássica em mente. Mas à medida que o trabalho preparatório avançava, ele era, passo a passo, afastado da forma e do espírito do protótipo clássico» p. 191
«Mesmo antes de a comissão para o busto se confirmar, Bernini começou a fazer modelos de barro de molde a estudar a atitude geral do busto sem ter em consideração a parecença. Pouco depois de o Rei lho ter encomendado, foi vê-lo a Saint Germain. Nesta e em várias outras visitas subsequentes fez esboços do Rei enquanto este jogava ténis ou presidia a reuniões ministeriais. Ele defendia que o carácter único de um homem não se revelava numa pose artificial e autoconsciente, mas apenas enquanto se desempenham as tarefas habituais. Ele queria ver o seu modelo a deambular, pois - dizia - o movimento traz à tona aquelas qualidades que são suas e só suas». p. 193
«Ele explicava que fazia esboços espontâneos para se imbuir das características do Rei, mas nunca usaria esses esboços enquanto estivesse a trabalhar o mármore» p. 193
François Raguenet, em 1700, sobre Bernini: «Ele tratava o mármore com tal suavidade que parecia cera ou até mesmo carne» p. 204
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