quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Francis Bacon



No passado domingo o Comilão e sua mulher viram o documentário Arena, sobre o pintor britânico Francis Bacon, homónimo de um filósofo do século XVI-XVII. O documentário é interessante, mas fica bastante aquém de um da BBC que o Comilão viu no dia 11 de Setembro de 2001, o dia dos atentados. De qualquer modo, tem informação valiosa: a incursão de Bacon como designer de mobiliário, as suas várias relações (o pintor australiano, o aviador, o deputado...), por vezes violentas, e profissões, telefonista de um gentlemen's club, acompanhante (prostituto) e autor de pequenos crimes (furtos, presume-se). Um dos seus amantes morreu na manhã da inauguração da exposição no Grand Palais (só Picasso teve a honra de expor ali em vida) e outro no dia anterior à inauguração da Tate. É preciso azar. Bacon estava ele próprio em Espanha quando morreu, em 1992 (na altura o seu amante era um milionário espanhol muitos anos mais novo, José, que se tinha ausentado em negócios).
Há uns meses o Comilão tinha lido o livro de John Russell sobre o pintor (colecção World of Art da Thames & Hudson). Aqui fica um excerto:

«Stravinsky uma vez escolheu do clássico de Huizinga O Outono da Idade Média o facto de a vida nesse tempo se caracterizar por uma qualidade de silêncio quase inimaginável na segunda metade do nosso século [XX]. Em contraposição com esse silêncio, a música na Baixa Idade Média tinha um poder quase sobrenatural: nós que estamos constantemente rodeados de música, desejada ou imposta, teríamos dificuldade em reconstituir o estado de espírito de Dionísio o Cartuxo quando entreou na Igreja de S. João em Hertogenbosch e o órgão estava a tocar. Stravinsky, na sua obra tardia frugal, escusa e breve, diz Não ao fluxo auditivo indiferenciado que nos rodeia. [...]

[Bacon] visa colocar perante este fluxo indiferenciado de lixo viral a grande imagem solitária que arrebatará o olho vagueante e nos levará a dizer, 'Isto confere um novo sentido à vida'».

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