quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Barnett Newman (segundo Peter Schjeldahl)


«Barnett Newman tinha 40 anos quando , em 1945, fez a primeira das suas pinturas que sobreviveram. (Destruiu as telas anteriores) Daí até à sua morte, de ataque de coração, em 1970, produziu umas meras 120 pinturas [...]. A sua reputação como um dos grandes modernos apenas se impôs em 1959, quando Greenberg lhe arranjou uma exposição na French & Company, uma galeria na Madison Avenue. O acontecimento causou uma agitação que se converteu numa tempestade de reconhecimento, embora não atraísse compradores de imediato. Já em 1955, Newman havia vendido apenas uma pintura a uma pessoa não sua amiga. Na maior parte dos anos 40 e 50, ele e a sua devotada mulher [...] viveram sobretudo do salário dela. Comparado com Newman, o proverbialmente negligenciado Van Gogh foi uma sensação fulgurante.
[...] Considere-se o título de uma pintura de 1950-51 que é uma pedra de toque da colecção do MoMA: Vir Heroicus Sublimis (Homem Heróico e Sublime). Com esta tela vermelha, com cinco zips e 540 cm de comprimento, o artista adiantou uma ambição de conjurar mais conteúdo espiritual de menos forma física do que havia parecido concebível nalguma arte anterior (ou posterior, para o caso tanto faz) do século XX. [...]
Parecia estar em toda a parte, com os seus fatos elegantes e o bigode de brigadeiro britânico, segurando um monóculo caricato. Era vivaço e muito afectuoso, especialmente para os jovens artistas; os amigos chamavam-lhe Barney. [...] O seu famoso sofisma - 'a estética está para os artistas como a ornitologia está para os pássaros' - ganha peso com o seu envolvimento na observação de pássaros.»

Peter Schjeldahl, Let's See, págs. 116-177
Na foto: The Wild (1950), uma tela com 240 cm por 2,5 de largura

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