quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A Marítima de Xabregas

Foi já fora de horas, bem depois das três da tarde, que o Comilão e a sua família resolveram entrar na Marítima. «Podemos almoçar?». O empregado foi solícito: «Façam favor» e encaminhou-nos para a segunda sala, muito ampla e quase vazia (apenas uma mesa ocupada), onde nos sentámos.

Na outra mesa, um grupo de quatro aposentados falava do serviço: «E sabem quem era o tipo que estava a passar informação cá para fora? Vão pensando, enquanto eu vou ali fazer um chichi», disse um deles.

Bom pão e azeitonas muito bem temperadas com alho e oregãos. O Comilão optou pelo prato do dia: pargo no forno com batatas assadas. Estava bom, embora algo seco (provavelmente devido ao adiantado da hora). A mulher do Comilão pediu um bitoque ou bife da casa, que vinha muito bem servido, numa enorme travessa de metal redonda, e com um molho saborosíssimo, tipicamente português. Serviço simpático.

Casa de Pasto Marítima
Rua da Manutenção, 40-42 (Xabregas, Lisboa)
3,5 estrelas
€28,80 (refeição para duas pessoas e meia)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O melhor frango de Lisboa



Na Rua das Portas de Santo Antão, mesmo em frente ao Coliseu, fica uma das melhores, se não a melhor, casas de frangos de Lisboa. Com a vantagem de possuir uma pequena esplanada para a recém-restaurada Igreja de S. Luís, uma das mais bonitas da cidade. Não há muito a dizer: frango no espeto suculento (molho de manteiga e limão), batatas fritas caseiras (a pedido), arroz, empregados simpáticos com fardas gastas como mandam as regras e um óptimo ambiente. Um prato bem português, aqui no seu melhor. Para sobremesa há o tachinho da casa, uma espécie de encharcada muito boa.

O Churrasco
Rua das Portas de Santo, 83
29 euros (refeição para casal e um bebé)
4,5 estrelas - muito bom

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Escravos e negreiros




O Comilão acaba de ler Esclaves et Négriers, de Jean Mayer, um livrinho da colecção ilustrada Découvertes Gallimard. Já não é a primeira vez que o Comilão chega à conclusão de que, apesar de muito bonitos, parece que a leitura destes livros não proporciona grande prazer. Será o ter de saltitar entre texto, imagens e legendas? Justiça seja feita que já é o segundo livro sobre o tema que desilude o Comilão: o primeiro foi A Short History of Slavery, de James Walvin (está traduzido em português pela Tinta da China). É pena que, sendo um tema fascinante, os livros pareçam não estar à altura... Na passada sexta-feira o Comilão encontrou História da Escravatura, de David Turley, da Teorema (7,5 euros), que não sabia existir.

De qualquer modo aqui fica um excerto bem interessante do livro de Meyer: «O capitão vive com os nervos à flor da pele. Tem pressa de se ir embora. Quanto mais tempo se demora na enseada, mais ameaças que pairam por ali podem concretizar-se: doenças tropicais, epidemias, suicídios dos Negros que se afogam ou se atiram para as goelas impiedosas dos tubarões que rondam o barco», pág. 39

Esclaves et Négriers
Jean Meyer
Découvertes Gallimard
127 págs., 3 estrelas
cerca de 15 euros (adquirido na livraria Férin)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Hambúrguer de lula

Finalmente o Comilão conseguiu, contra a opinião da sua mulher, executar a sua receita de hambúrguer de lula (inspirada numa refeição que aparece em The Shipping News, o belíssimo livro de Annie Proulx. No filme, aparece mal traduzido como 'hambúrguer de polvo').

Comprei lulas descongeladas no Pingo Doce (as que havia), chouriço de porco preto e coentros, e pedi o Moulinex (um dois três) à minha mãe. A primeira rodada (lula, chouriço, alho, cebola e coentros) foi picada durante mais tempo e ficou quase liquefeita. A segunda ficou menos tempo. Depois formam-se os hambúrgueres e passam-se por ovo e pão ralado. E frita-se (neste caso em azeite). Esperava que o resultado tivesse um sabor parecido com o das lulas recheadas, mas devo confessar aos meus aficionados: não ficou nada de especial. A consistência era esquisita, o tom, por dentro, cor-de-rosa. Em todo o caso, se quiserem experimentar...