Excelente biografia do malogrado vocalista e mentor dos Nirvana, publicada em Portugal pela PIM! edições para assinalar a tripla efeméride que se celebrou em 2019: 30 anos do primeiro álbum da banda (Bleach), 25 anos da morte (por duplo suicídio, com dose fatal de heroína e tiro de caçadeira) de Kurt Cobain e 25 anos do lançamento póstumo do MTV Unplugged in New York.
Deixo-vos com quatro/ cinco excertos:
«Um exemplo típico desse humor [retorcido e sarcástico] foi Kurt gritar, diante de uma fogueira: 'Como é possível estragar uma coisa tão bem feita como o fogo pondo-o a deitar fumo?'». pp. 62-3
«Todos os esforços do casal para envolvê-lo nas rotinas domésticas fracassavam. Começara a boicotar as noites de família e, tendo interiorizado um sentimento de abandono, optava por assumir uma postura de desvinculação. "Atribuíamos-lhe tarefas domésticas, coisas banais, mas ele não as fazia", recorda Don. "Começámos a tentar suborná-lo com uma mesada, e íamos descontando se não cumprisse determinadas tarefas. Mas ele recusava-se a fazer tudo. Acabava por nos ficar a dever dinheiro. Tornava-se violento, batia com as portas e saía disparado para a cave". Também aparentava ter menos amigos. "Reparei que alguns dos amigos dele começaram a desaparecer", recorda Jenny. "[...] Parecia mais introvertido. Andava mais calado e taciturno". Rod Marsh lembra-se de que, naquele ano, Kurt matou o gato de um vizinho. Com um sadismo adolescente e em tudo contrário à sua postura na vida adulta, fechou o animal ainda vivo na lareira da casa dos pais e riu-se quando ele morreu e o cheiro a queimado infestou a casa». p. 70
«Durante o dia, Kurt foi explorar a cidade [de Roma] com Pat Smear e visitou atrações turísticas, mas, acima de tudo, reuniu acessórios para aquilo que imaginou que ia ser um encontro romântico - ele e Courtney não se viam há 26 dias, ou seja, o maior período de afastamento na história da relação. "Foi ao Vaticano e gamou uns castiçais grandalhões", recorda Courtney. "Também arrancou um bocado de pedra do Coliseu, para me oferecer".» p. 429
«Enquanto os Nirvana ensaiavam, Courtney, Carrie e Wendy foram comprar roupa. Mais tarde, Kurt saiu para comprar droga, que em Nova Iorque era tão abundante como os vestidos em saldo. Em Alphabet City, Kurt ficou impressionado ao ver filas de clientes à espera do traficante, como na canção dos Velvet Underground. Por essa altura estava fascinado pelo ritual de consumo e pelo submundo sórdido para onde esse ritual o levava. A heróina branca chinesa de Nova Iorque (a da Costa Oeste era sempre preta como alcatrão) fazia-o sentir-se sofisticado, além de ser mais barata e eficaz. Kurt tomou-lhe o gosto.
Naquela sexta-feira, quando Wendy bateu à porta do quarto do filho, .ao meio-dia, ele foi abrir em cuecas, com um mau aspeto impressionante. Courtney ainda estava debaixo dos lençóis. Havia bandejas de restos de comida por toda a parte e, ao cabo de apenas dois dias na suíte, o chão estava pejado de lixo. "Kurt, porque não chamas uma empregada?", perguntou Wendy. "Não pode", respondeu Courtney. "Elas roubam-lhe as cuecas."» p 306
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