terça-feira, 24 de maio de 2011

Almoço em Abbotabad. Osama bin Laden (1957-2011)

Para que não haja mal-entendidos, o homem mais procurado figura aqui não como herói ou mártir, mas como personalidade singular.
Era o 43.º de 53 filhos de um emigrante imenita que se tornou o homem mais rico e poderoso da Arábia Saudita (a seguir à família real). Segundo Abdel Bari Atwan, editor de um jornal árabe sediado em Londres, o pequeno Osama não gostava de brincar com as outras crianças. Preferia acompanhar o pai nos seus negócios e deveres religiosos. Assim se tornou uma espécie de favorito, o que ajuda a explicar o choque que sofreu quando, com apenas dez anos, soube da morte do pai num acidente com o seu avião particular. O piloto era americano.
Com 25 anos Bin Laden abdicou de uma vida com todos os confortos para se juntar aos resistentes mujahidines que defendiam o Afeganistão das tropas russas. Por essa altura, já a sua formação religiosa seguira a via mais radical.
O seu fanatismo religioso fez com que desenvolvesse um ódio aos americanos por colocarem, com permissão do Rei, tropas no país (Arábia Saudita) onde se encontram os dois locais sagrados do Islão: Meca e Medina.
Foi também no Afeganistão, nas montanhas de Tora Bora (onde Abdel Bari Atwan o entrevistou), que os americanos estiveram perto de capturar Bin Laden. Desta vez, quando o descobriram em Abbotabad, para não o deixarem escapar pensaram lançar umas poucas dúzias de bombas de duas mil libras cada (cerca de uma tonelada). Mas como identificar o corpo? Assim optaram pelo assalto. E levaram com eles o cérebro, propositadamente conservado para esse efeito, de uma irmã do terrorista (que havia morrido de um tumor num hospital de Boston) para fazer o teste de ADN. Lavaram o corpo, embrulharam-no num lençol branco, ataram-lhe um peso de chumbo e largaram-no nalgures no Norte do Mar Arábico. Resta saber se tudo isto corresponde, e em que medida, à verdade.
O Comilão já almoçou (não se lembra o quê) em Abbotabad (Paquistão), onde Bin Laden foi morto. Possivelmente ao lado do criminoso mais procurado do mundo. Os restaurantes paquistaneses têm pequenas salas, tapadas por cortinas, para os clientes desfrutrarem das suas refeições com privacidade.

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