quarta-feira, 25 de maio de 2011

Manoel de Barros

Certa palavras têm ardimentos; outras não.
A palavra jacaré fere a voz.
É como descer arranhado pelas escarpas de um serrote.
É nome com verdasco de lodo no couro.
Além disso é agríope (que tem olho medonho).


Concerto a Céu Aberto para Solos de Ave

Manoel de Barros nasceu em 1916 e é um dos grandes poetas brasileiros vivos. Carlos Drummond de Andrade recusou o 'título' de maior poeta brasileiro em seu favor. O primeiro livro que escreveu perdeu-se. O segundo, Poemas Concebidos Sem Pecado (1937), foi feito numa tiragem artesanal de 21 exemplares por amigos. Viveu na Bolívia, Perú e Nova Iorque, mas regressou ao Brasil na década de 60 para se dedicar à criação de gado. Só na década de 80 começou a ser descoberto, muito graças a Millôr Fernandes. António Houaiss comparou-o a S. Francisco de Assis e outros chamam-lhe 'o Guimarães Rosa da poesia'. Entre outros prémios, recebeu dois Jabuti (1989, 2002; um em poesia, o outro em ficção) e o Jacaré de Prata.

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