sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Bon Scott (1946-1980)



Aqui fica um apontamento pouco habitual sobre uma lenda do rock (tirado do artigo de Petter Watts, 'Highway to Hell', na Uncut de Dezembro de 2013)

A 20 de Fevereiro de 1980, quando os AC/DC se preparavam para gravar Back in Black, Scott morreu de intoxicação por álcool no lugar do passageiro de um Renault 5 estacionado à porta de um apartamento em East Dulwich. Tinha passado a noite anterior a beber no Music Machine, uma discoteca em Camden Town. «Da forma como ele vivia, não foi nenhuma surpresa», diz o baixista dos AC/DC Mark Evans. «O que não significa que não tenha sido um choque terrível».
«Era um tipo fantástico, um ser humano verdadeiro, muito diferente daquilo que as pessoas pensavam», comenta Peter Clack, um dos primeiros bateristas da banda. «Era honesto, sincero, despretensioso, nada de tretas, trabalhador».
Murray Gracie, guitarrista de uma das primeiras bandas de Scott, lembra-o como «um filho muito respeitador. Os pais dele vinham assistir a imensos espectáculos, e ensaiávamos em casa deles».
«O Bon podia ocupar o palco e fazer com que as palavras quisessem dizer alguma coisa. Ele fazia estes números lentos e as miúdas ficavam loucas», diz Gracie acerca os anos 60, quando eram ainda adolescentes. «Quando cantava, acreditávamos nele», diz Tony Platt, que misturou Highway to Hell.
«Do que ele gostava mesmo era de álcool. Já nessa altura ficava completamente bêbedo. Tocávamos em clubes de surf e quando era altura de tocar encontravamo-lo desmaiado na praia. Levavamo-lo para dentro e atiravamo-lo para um canto com um microfone. Não conseguia tocar bateria, mas conseguia cantar». Para o teclista John Bisset «Ele bebia até mal se aguentar em pé. Mas permanecia sempre a mesma pessoa».
«Metíamo-nos na marijuana, mescalina e cogumelos, mas o álcool era o nosso esteio», diz ainda Bisset. Uma vez, Scott impressionou os locais ao atirar-se de um pontão para um 'cardume' de alforrecas. «A alcunha dele era Road Test Ronny, porque sempre que aparecia uma nova droga ele estava pronto para a experimentar», diz Peter Head. «Uma vez fomos tocar a uma prisão. A maioria dos tipos estavam presos por droga, sobretudo marijuana, e o Bon parecia conhecê-los a todos».
Em Maio de 1974, Scott quase morreu. Motociclista entusiástico, apreciava uma abordagem à segurança na estrada tipicamente descuidada. Andava de mota nu, bêbedo, a subir e descer escadas para divertir as pessoas.Depois de ter discutido com o baixista Bruce Howe, arrancou na sua mota. «Meia hora depois soubemos que estava em coma», diz Bisset.
«O Bon era um poeta de rua», diz Michael Browning, manager dos AC/DC. «Ele descrevia-a como poesia de parede de casa-de-banho».
Depois da morte de Scott, os AC/DC contrataram Brian Johnson para o substituir. A primeira tarefa de Johnson foi gravar Back in Black - o título, a capa e o sino no início foram uma homenagem a Scott. O álbum conquistou o n.º 1 do top. ««Todos o adoravam. Era um cavalheiro, adorava divertir-se, óptima companhia», remata Mark Evans, que deixou a banda em 1977.

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