Era um hotel tão ruim, tão ruim, mas tão ruim, que o lugar onde os hóspedes se registavam e recebiam as chaves dos quartos se chamava Decepção.
Era um barco tão mau, tão mau, tão mau, que lhe chamaram Optimist. Só uma pessoa muito optimista se atrevia a navegar nele...
segunda-feira, 15 de abril de 2013
sexta-feira, 12 de abril de 2013
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Eu e a fotografia
No dia em que decidi que a fotografia se tornaria o meu novo hóbi de eleição fiz uma viagem, com partida do Algarve e chegada a Estremoz. Por alguma razão disse - e isto é a pura verdade, há uma testemunha - que nesse dia iríamos ver uma raposa. Avistar uma raposa por aquelas bandas é um privilégio raro, que terá acontecido três ou quatro ocasiões em vinte anos de visitas regulares.
As hipóteses eram residuais, mas aconteceu. Não só vimos uma raposa - tal como eu havia, pode-se dizer, profetizado - como ela ficou ao lado do carro durante uns poucos de minutos (geralmente desapareciam numa questão de poucos segundos).
Dado o meu novo hóbi e a minha profecia, eu ia com a máquina fotográfica pronta (como a viagem foi longa, passei o final sentado no banco do passageiro). Mas bem que carregava no botão para disparar o obturador - nada. Tentei em vários modos - automático, sem flash, prioridade abertura, retrato nocturno... -, mas, por causa da falta de luz, não se ouvia o bip que indica que a lente está focada e pronta a fotografar.
Finalmente decidi passar para focagem manual. 'Antes desfocada que nada', pensei. Entretanto, a condutora tentava orientar os faróis em direcção à raposa - com algum sucesso, por sinal. O animal por ali ficou uns dois minutos à volta do carro, a farejar.
Quando finalmente consegui que a máquina fotografasse, escusado será dizer - a raposa já não estava lá.
A única prova com que fiquei dessa profecia foi pois uma imagem de ervas secas à beira da estrada - isto aconteceu nas férias do Verão - iluminadas pelos faróis do carro e, mais escuro, um arbusto, por detrás do qual a raposa desapareceu.
De ora em diante o Comilão postará neste blogue algumas fotografias por ele tiradas com a sua nova máquina, uma Nikon D5100. Espero que os meus queridos fãs, seguidores, admiradores ou simples visitantes apreciem.
As hipóteses eram residuais, mas aconteceu. Não só vimos uma raposa - tal como eu havia, pode-se dizer, profetizado - como ela ficou ao lado do carro durante uns poucos de minutos (geralmente desapareciam numa questão de poucos segundos).
Dado o meu novo hóbi e a minha profecia, eu ia com a máquina fotográfica pronta (como a viagem foi longa, passei o final sentado no banco do passageiro). Mas bem que carregava no botão para disparar o obturador - nada. Tentei em vários modos - automático, sem flash, prioridade abertura, retrato nocturno... -, mas, por causa da falta de luz, não se ouvia o bip que indica que a lente está focada e pronta a fotografar.
Finalmente decidi passar para focagem manual. 'Antes desfocada que nada', pensei. Entretanto, a condutora tentava orientar os faróis em direcção à raposa - com algum sucesso, por sinal. O animal por ali ficou uns dois minutos à volta do carro, a farejar.
Quando finalmente consegui que a máquina fotografasse, escusado será dizer - a raposa já não estava lá.
A única prova com que fiquei dessa profecia foi pois uma imagem de ervas secas à beira da estrada - isto aconteceu nas férias do Verão - iluminadas pelos faróis do carro e, mais escuro, um arbusto, por detrás do qual a raposa desapareceu.
De ora em diante o Comilão postará neste blogue algumas fotografias por ele tiradas com a sua nova máquina, uma Nikon D5100. Espero que os meus queridos fãs, seguidores, admiradores ou simples visitantes apreciem.
terça-feira, 9 de abril de 2013
Restaurante Vivaldi, Bruges
O hotel Leonardo fica nas imediações de Bruges, numa zona arborizada a 3 ou 4 km do centro histórico. É ideal para grupos grandes, tipo escolas. Conseguimos fazer uma reserva a um super-preço. Talvez fosse por a estrada para lá estar cortada, mesmo junto à meta, e obrigar a um desvio de 20 minutos - isto se sequer se conseguisse dar com o sítio. Outra hipótese que se colocou para o preço foi uma certa decadência: no lugar do mini-bar só havia isso mesmo, o lugar; e debaixo da cama encontrei um biscoito para cão já meio comido.
Por falar em comida: questionado sobre um restaurante para jantar no centro de Bruges, o empregado do hotel sugeriu-nos qualquer um na Wijngaardstraat. Optámos pelo Vivaldi, que nos pareceu ter um ambiente simpático e descontraído, que a presença de dois bebés não perturbaria demasiado.
Mandámos vir pão de alho (com falta de sabor e excesso de manteiga), umas gambas tipo al ajillo (não a nadar, mas verdadeiramente afogadas num molho insípido), des moules au vin blanc (decididamente o Comilão só aprecia os mexilhões de vinagrete, e um ou dois, não aquelas quantidades gargantuescas) e um coelho guisado - normal.
Nada houve que se destacasse - fosse pela positiva, fosse pela negativa, o que não abona muito a favor do local. Mas podia ter sido pior.
Por falar em comida: questionado sobre um restaurante para jantar no centro de Bruges, o empregado do hotel sugeriu-nos qualquer um na Wijngaardstraat. Optámos pelo Vivaldi, que nos pareceu ter um ambiente simpático e descontraído, que a presença de dois bebés não perturbaria demasiado.
Mandámos vir pão de alho (com falta de sabor e excesso de manteiga), umas gambas tipo al ajillo (não a nadar, mas verdadeiramente afogadas num molho insípido), des moules au vin blanc (decididamente o Comilão só aprecia os mexilhões de vinagrete, e um ou dois, não aquelas quantidades gargantuescas) e um coelho guisado - normal.
Nada houve que se destacasse - fosse pela positiva, fosse pela negativa, o que não abona muito a favor do local. Mas podia ter sido pior.
Castro Caldas e o cérebro humano
Lê-se em dois ou três dias este Uma Visita Politicamente Incorrecta ao Cérebro Humano, do neurologista Alexandre Castro Caldas. O título não é 100% rigoroso: Castro Caldas mostra-se descontraído na forma como apresenta o tema, em dez capítulos com títulos sugestivos; quanto a ser politicamente incorrecto, penso que nem sempre o é, revelando alguns preconceitos sobretudo nos capítulos dedicados às diferenças entre homens e mulheres (com uma argumentação do tipo 'são diferentes, mas isso não quer dizer que os homens sejam melhores') e no das experiências de quase morte, onde tenta a todo o transe arranjar explicações que encaixem no saber científico actual para justificar fenómenos que se calhar são isso mesmo - inexplicáveis.
Dito isto, deve reconhecer-se que se trata de um livro que se lê com prazer e onde se aprende factos interessantes - não apenas sobre o nosso cérebro. Como este: «As baleias e os golfinhos não podem dormir com o cérebro todo ao mesmo tempo porque corriam o risco de se afogar. Assim, dormem alternadamente com cada metade do cérebro para poderem vir à superfície respirar» (pág.22)
«A primeira reflexão que é necessário fazer [...] é a do constrangimento económico da sua função. O cérebro é totalmente dependente do resto do corpo para sobreviver, não tem qualquer reserva energética e, por isso, tem de receber tudo a partir do metabolismo do corpo». Por sua vez, «é o cérebro [...] que faz com que o corpo se disponha a desencadear os processos naturais para o corpo o alimentar» (pág. 36)
Nas págs. 76-77 há uma informação preciosa para a mulher do Comilão:
«As lesões no hemisfério direito têm uma grande probabilidade de provocar um sinal clínico muito perturbador, a chamada inatenção para o hemiespaço esquerdo. Estes doentes deixam de dar atenção a tudo o que se passa do lado esquerdo do espaço. Em geral, têm tendência para ter os olhos e a cabeça rodados para a direita. [...] A inatenção para o lado esquerdo do espaço inclui também a inatenção para o lado esquerdo do corpo. Os doentes com esta perturbação deixam de saber que existe lado esquerdo do corpo. Não só não utilizam os membros desse lado, como não reconhecem que neles existem problemas e ao negá-los tentam andar, caindo naturalmente sem compreender porquê» (sublinhado meu)
Alexandre Castro Caldas
Uma Visita Politicamente Incorrecta ao Cérebro Humano
Guerra & Paz
142 págs.
3 estrelas
(emprestado por RN)
Dito isto, deve reconhecer-se que se trata de um livro que se lê com prazer e onde se aprende factos interessantes - não apenas sobre o nosso cérebro. Como este: «As baleias e os golfinhos não podem dormir com o cérebro todo ao mesmo tempo porque corriam o risco de se afogar. Assim, dormem alternadamente com cada metade do cérebro para poderem vir à superfície respirar» (pág.22)
«A primeira reflexão que é necessário fazer [...] é a do constrangimento económico da sua função. O cérebro é totalmente dependente do resto do corpo para sobreviver, não tem qualquer reserva energética e, por isso, tem de receber tudo a partir do metabolismo do corpo». Por sua vez, «é o cérebro [...] que faz com que o corpo se disponha a desencadear os processos naturais para o corpo o alimentar» (pág. 36)
Nas págs. 76-77 há uma informação preciosa para a mulher do Comilão:
«As lesões no hemisfério direito têm uma grande probabilidade de provocar um sinal clínico muito perturbador, a chamada inatenção para o hemiespaço esquerdo. Estes doentes deixam de dar atenção a tudo o que se passa do lado esquerdo do espaço. Em geral, têm tendência para ter os olhos e a cabeça rodados para a direita. [...] A inatenção para o lado esquerdo do espaço inclui também a inatenção para o lado esquerdo do corpo. Os doentes com esta perturbação deixam de saber que existe lado esquerdo do corpo. Não só não utilizam os membros desse lado, como não reconhecem que neles existem problemas e ao negá-los tentam andar, caindo naturalmente sem compreender porquê» (sublinhado meu)
Alexandre Castro Caldas
Uma Visita Politicamente Incorrecta ao Cérebro Humano
Guerra & Paz
142 págs.
3 estrelas
(emprestado por RN)
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