Alguns excertos do livro de John Berger:
«Na sua maioria, os pensadores do século XIX raciocinavam mecanicamente, porque o seu era o século das máquinas. Pensavam em termos de cadeias, ramificações, linhas, anatomias comparativas, mecanismos de relógio, grelhas. Tinham conhecimentos sobre potência, resistência, velocidade, competição. Consequentemente, fizeram muitas descobertas sobre o mundo material, sobre instrumentos e produção». p. 69
«Tudo o que deriva da capacidade dos macacos para balançarem de ramo em ramo - braquiação, como lhe chamam os zoólogos - distingue-os. Tarzan só balançava nas lianas - nunca usou os seus braços pendentes como se fossem pernas, caminhando de lado.
Contudo, na história evolutiva, esta diferença é, na realidade, um laço. Os macacos caminham sobre os quatro membros ao longo dos topos dos ramos e usam a cauda para se dependurarem. Os ancestrais comuns ao homem e aos macacos começaram, em vez disso, a usar os seus braços - começaram a tornar-se braquiais. Segundo reza a teoria, isto deu-lhes a vantagem de alcançar a fruta nas extremidades dos ramos!». pp. 72-73
«a classe dominante britânica no século XVIII não apreciava as vistas de mar» p. 91
«Todas as linguagens da arte foram desenvolvidas como uma tentativa de transformar o instantâneo em permanente.» 93
«Temos apenas um tempo breve para agradar aos vivos, toda a eternidade para agradar aos mortos.» (Antígona)
A matriz marxista de Berger está bem vincada no ensaio 'Os comedores e o comido' (interessante, mas cheio de preconceitos) e em passagens como:
«A vida urbana tendeu sempre a produzir uma visão sentimental da natureza. Pensa-se na natureza como um jardim, ou uma vista enquadrada por uma janela, ou uma arena de liberdade. Camponeses, marinheiros, nómadas sabiam mais. A natureza é energia e luta.»
«Há alguns anos, quando ponderava a face histórica da arte, escrevi que avaliava uma obra de arte de acordo com a possibilidade de esta ajudar ou não os homens do mundo moderno a reclamarem os seus direitos sociais. Mantenho-me fiel a isso.» p. 93
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