Tem sido uma agradável surpresa a leitura de Ditadura ou Revolução? A verdadeira história do dilema ibérico nos anos decisivos de 1926-1936, do engenheiro electrotécnico aposentado José Luís Andrade.
Deixarei aqui apenas dois excertos que podem interessar aos meus estimados amigos e seguidores.
«"O 14 de Maio de 1915, que derrubou Pimenta de Castro, foi muito mais sangrento do que o 5 de Outubro de 1910; os combates que se seguiram ao assassinato de Sidónio, em Dezembro de 1918 e princípios de 1919, com o esmagamento da revolta monárquica de Monsanto, em Lisboa, e o derrube da Monarquia do Norte, foram uma autêntica guerra civil; a noite sangrenta de 1921, com o assassinato do fundador da República Machado Santos, do chefe do Governo António Granjo e de outros políticos moderados, foi uma selvajaria sem precedentes. De cada banho de sangue, o Partido Democrático saía mais confirmado na força do seu poder sobre o Estado, mais decidido a dominar a sujeitar a Igreja, e mais afastado e isolado do povo e do país" [esta é uma citação de João Seabra]
«Mas a verdade é que, apesar das dúvidas quer à esquerda quer à direita, muita gente, inconformada e enjoada com a triste realidade em que o País se tornara, conspirava para derrubar os 'bonzos' e levar à derrocada do Partido Democrático. E crescia assim, cada vez mais, o entusiasmo pela simplicidade e transparência da solução militar» pp. 63-64
Em Espanha:
«Sem que tivesse ainda assentado a poeira da agitação provocada por uma tão profunda mudança de regime, logo se iniciaram manifestações violentas do mais desenfreado anticlericalismo, com assaltos, pilhagens, vandalização e incêndio de igrejas, mosteiros e conventos. No dia 11 de Maio, grupos organizados com motivações anticlericais incendiaram em Madrid numerosas igrejas, conventos, estabelecimentos de ensino e outros edifícios de instituições religiosas. Como se isso não fosse suficiente, o ódio desenfreado levou-os a praticar carnavalescas representações sacrílegas, arrastando pelas ruas relíquias, ossadas, imagens e mesmo os próprios sacerdotes e religiosos». pp. 218-219
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