Por estes dias voltei a abrir o Dicionário Imperfeito de Agustina, editado pela Guimarães de Paulo Teixeira Pinto em 2008. E deparei-me com esta entrada de que gostei imenso:
«Pessoa comum
Uma vez, estando na praça do peixe, o peixeiro, que era uma pessoa muito viva - e eu sou péssima para contas, fui sempre, o que me inferiorizava mais era dizerem-me que a matemática é a ciência que está mais perto de Deus, e eu sentia-me a uma distância dele que me vexava imenso... - Mas, como ia dizendo, perguntei quanto era, ele disse: 'É tanto', e eu estava, enfim, a fazer as contas muito lentamente, e ele pegou numa lousa e perguntou: 'Sabe ler?' Mas não o disse por malícia nem por agressão. Aquilo saiu-lhe naturalmente. Fiquei feliz, ao concluir que não tenho realmente a cara de uma intelectual. Sou uma pessoa tão comum, que até se lhe pode fazer esta pergunta.»
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