quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Alberto Manguel, Uma História da Curiosidade


Aqui ficam dois excertos de grande interesse:

“A representação visível da curiosidade – o ponto de interrogação […] curvado sobre si mesmo, contra o orgulho dogmático – chegou tarde à nossa História. Na Europa, a pontuação convencional só foi estabelecida no final do Renascimento, quando, em 1566, o neto do grande impressor veneziano Aldo Manúcio publicou um manual de pontuação para tipógrafos, o Interpungendi ratio. [...] Um dos primeiros exemplos desses pontos de interrogação encontra-se numa cópia do século IX de um texto de Cícero, agora na Biblioteca Nacional de Paris; parece uma escada que sobe para a direita, numa diagonal serpenteante de um ponto, em baixo, à esquerda. Perguntar eleva-nos" p. 12


Desde que tenho memória, acredito que a minha biblioteca contém resposta a qualquer pergunta. […] Às vezes, procuro um autor ou livro ou espírito solidário específico, mas o mais das vezes deixo que seja o acaso a guiar-me: o acaso é um excelente bibliotecário. Os leitores na Idade Média usavam a Eneida de Virgílio como ferramenta de adivinhação, fazendo uma pergunta e abrindo o livro em busca de uma revelação; Robinson Crusoé faz basicamente a mesma coisa com a Bíblia, para encontrar orientação nos seus longos momentos de desespero. Todos os livros podem ser, para o leitor certo, um oráculo”

Alberto Manguel
Uma História da Curiosidade
Tinta da China
398 páginas, €24,90

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