Por que são os submarinos nucleares tão temidos? Afinal, uma bomba não pode ser lançada a partir de um avião (como Hiroxima e Nagasáqui) ou de terra? Qual a diferença? Aqui fica a explicação, retirada de Guerra Nuclear - Um cenário, de Annie Jacobsen, provavelmente um dos livros mais perturbadores publicados nos últimos anos.

«Um submarino nuclear armado com bombas nucleares é um pesadelo. Um objeto tão perigoso para a existência do homem como um asteroide em rota de colisão com a Terra. Estes submarinos recebem muitos nomes: boomers, navios da morte, máquinas opressivas, aias do apocalipse. São impossíveis de localizar e estão armados até aos dentes. Cada um dos submarinos da classe Ohio do arsenal dos Estados Unidos pode lançar até 80 bombas nucleares em minuto e meio e desaparecer.
A Rússia mantém uma frota de capacidade aproximadamente equivalente.
Temíveis e venerados, são obras-primas de engenharia. Ecossistemas autossuficientes que geram a sua própria energia, fabricam o seu próprio oxigénio e a sua água potável e podem permanecer debaixo
de água quase indefinidamente ou até a tripulação ficar sem comida. Invisíveis para os satélites de reconhecimento, os submarinos circulam no oceano com impunidade. Porque a possibilidade de os detetar é zero, são imunes a um primeiro ataque, ou quase a qualquer ataque, até serem obrigados a subir à superfície no seu regresso ao porto.
Com um comprimento de dois campos de futebol, cada submarino da classe Ohio é capaz de lançar 20 mísseis balísticos submarinos - os terríveis SLBM. Com mais de 13 metros de comprimento, 2 metros
de diâmetro e um peso de quase 60 toneladas no momento do lançamento, cada SLBM está armado com múltiplas ogivas nucleares.
O poder de fogo de um destes submarinos pode destruir um país inteiro.
As capacidades de tiro do submarino nuclear diferem de maneiras significativas dos ICBM de base terrestre. Por serem indetetávels debaixo de água, podem aproximar-se bastante da costa de um país
e lançar um primeiro ataque, baixando o tempo entre lançamento e impacto de 26 a 33 minutos para uma fração disso. Os mísseis nucleares são lançados de submarinos de maneiras únicas. De longo
alcance (intercontinentais) e alcance mais curto, usando uma trajetória deprimida (mais baixa). A modo de exemplo, um submarino russo a rondar ao largo da costa oeste dos Estados Unidos pode lançar os
seus mísseis quase simultaneamente para alvos em todos os cinquenta estados, tudo de uma só vez. Isto é assim porque as múltiplas armas nucleares na ogiva de cada míssil podem ser dirigidas a alvos distintos que estão a centenas de quilómetros de distância. Esta é uma razão primária da política de Lançamento ao Alerta e porque a tríade nuclear - como a tríade nuclear da Rússia - permanece em
Alerta de Gatilho Fácil.
E é o motivo pelo qual o presidente tem uma janela de seis minutos para deliberar e decidir sobre um contra-ataque nuclear.
«Se Washington fosse atacada por um submarino russo a 1.000 quilómetros da nossa costa, o tempo de voo seria menos de sete minutos entre o lançamento e o impacto», previne Ted Postol. «O presidente não teria tempo de escapar e um "sucessor designado" teria então de assumir o comando nuclear.»»