"Naquele tempo cada um estava tão preocupado com a sua própria segurança que raramente se via piedade pela desgraça alheia. Cada um via, por assim dizer, a morte à sua porta, por vezes mesmo na sua própria família, e ninguém sabia o que fazer ou onde refugiar-se.
Isto, repito, suprimia toda a espécie de compaixão; a conservação de cada um parecia, com efeito, a regra primordial: as crianças fugiam dos pais, ao vê-los na maior miséria; em certos sítios, embora com menos frequência, os pais fizeram o mesmo aos filhos - sim houve exemplos pavorosos. [...]
Falo, claro está, da generalidade, pois em muitos casos viu-se exemplos múltiplos de inquebrantável afecto, de piedade e de respeito pelo dever" p. 128
"Gostaria de poder registar aqui o próprio som dos gemidos e das exclamações que ouvi da boca dos pobres moribundos no momento mais profundo da sua angústia e da sua desgraça; muito desejaria que os leitores pudessem ouvir, como eu próprio imagino estar a ouvi-los, pois ainda lhes ouço o eco nos ouvidos" p 116
Daniel Defoe
Diário da Peste de Londres
tradução de João Gaspar Simões
ed. bonecos rebeldes (estranha editora esta de que nunca tinha ouvido falar!)
comprado num hipermercado
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