terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Margarida Acciaiuoli, Casas com Escritos - uma história da habitação em Lisboa

Excertos de Ribeiro Colaço:

«Na construção do prédio moderno há um grande deus que está sempre presente em toda a parte, e de quem tudo depende: é o cimento armado. Mas nada pode alterar a doçura dos nossos costumes; e o cimento só é armado, armado até aos dentes, lá fora; entre nós é o cimento armado para 'armar ao efeito'; - e deve dizer-se que o resultado não é brilhante.» p. 443

«as pedras, por terem sido sempre pedras, «não estranham muito ao verem que estão metidas numa parede dura», ao passo que o cimento, sendo «um pó muito fino, e a areia, segundo dizia uma quadra popular, um elemento que parecia estar consorciado com o Oceano», quando misturados por mão humana, «não fazem outra coisa senão chorar». E choravam tanto que, frequentemente, os moradores de alguns prédios recentes tinham que dormir com a cabeça embrulhada numa mantilha de lã, no caso de não quererem que na manhã seguinte os seus cabelos lhes escorressem até à cintura» p. 445

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