quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Mais duas visitas ao mercado de Algés

Agora que o entusiasmo inicial amainou, já se pode almoçar no mercado de Algés sem grandes barafundas. Nos últimos tempos visitámo-lo por duas vezes. Na primeira, optei pelo leitão do Mr. Pig (penso que é assim que se chama). Já mo tinham elogiado e o aspecto é soberbo. Porém a pele, quando comi, revelou-se mole e dura ao mesmo tempo, tipo borracha, muito difícil de cortar e de mastigar. A carne estava boa, mas a dose acabou por revelar-se diminuta. Justiça seja feita às óptimas batatas.


Da segunda vez escolhi um bife do Atalho (entrecôte maturado). Carne muito saborosa, boas batatas e boa salada, mas a dose também não é propriamente abundante. Ainda assim, nota claramente positiva.


Tanto a dose de leitão como o bife do Atalho (ambos no prato com acompanhamento) rondam os 12 euros, a que há que acrescentar o custo da bebida.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Alberto Manguel, Uma História da Curiosidade


Aqui ficam dois excertos de grande interesse:

“A representação visível da curiosidade – o ponto de interrogação […] curvado sobre si mesmo, contra o orgulho dogmático – chegou tarde à nossa História. Na Europa, a pontuação convencional só foi estabelecida no final do Renascimento, quando, em 1566, o neto do grande impressor veneziano Aldo Manúcio publicou um manual de pontuação para tipógrafos, o Interpungendi ratio. [...] Um dos primeiros exemplos desses pontos de interrogação encontra-se numa cópia do século IX de um texto de Cícero, agora na Biblioteca Nacional de Paris; parece uma escada que sobe para a direita, numa diagonal serpenteante de um ponto, em baixo, à esquerda. Perguntar eleva-nos" p. 12


Desde que tenho memória, acredito que a minha biblioteca contém resposta a qualquer pergunta. […] Às vezes, procuro um autor ou livro ou espírito solidário específico, mas o mais das vezes deixo que seja o acaso a guiar-me: o acaso é um excelente bibliotecário. Os leitores na Idade Média usavam a Eneida de Virgílio como ferramenta de adivinhação, fazendo uma pergunta e abrindo o livro em busca de uma revelação; Robinson Crusoé faz basicamente a mesma coisa com a Bíblia, para encontrar orientação nos seus longos momentos de desespero. Todos os livros podem ser, para o leitor certo, um oráculo”

Alberto Manguel
Uma História da Curiosidade
Tinta da China
398 páginas, €24,90