sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O homem-sombra

Não gostava que lhe chamassem guarda-costas. Não se considerava guarda-costas de ninguém. Por isso, quando lhe perguntavam o que fazia, respondia categoricamente: 'Sou um homem-sombra'. Ao ouvirem estas palavras, as pessoas pensavam que era um artista de circo, tipo homem-bala, um super-herói, como o homem-borracha, ou um vilão dos livros, como o homem invisível. Ele via-se mais como um protector que anda sempre na peugada do protegido. De dia, fazia sempre questão de tapar o sol da cara do seu patrão e benfeitor, 'para ele não se queimar'. De noite, fazia o mesmo em relação à luz dos candeeiros eléctricos, interpondo-se sempre entre o candeeiro mais próximo e o homem por cuja segurança velava. Sentia que assim ele nunca ficava demasiado exposto. O homem-sombra levava a sua função tão a sério que a confundia com a sua identidade.

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