Era primavera, a natureza parecia em festa. Um cavalheiro cujo nome não foi retido pelas crónicas não se cansava de apreciar o belo espetáculo oferecido pelos arbustos floridos em Holland Park.
- Vejam bem estas camélias! Seria preciso a pena de um Dumas para lhe fazer justiça! Ou o pincel de um pintor de génio...
A dois passos de distância, uma jovem senhora acompanhava a digressão do homem sobre as virtudes das plantas. Porém sem entusiasmo. Tratava-se de Lady N., famosa pelo magnífico apêndice nasal com que a Providência a brindara. A sua postura era recatada, como sempre, mas nem todo o recato do mundo era o suficiente para disfarçar a indiscreta protuberância.
- O aroma deste jasmim - divino! - é de levar uma pessoa às lágrimas... - continuava o homem. - Por favor, veja por si.
E desviou-se para dar passagem à senhora.
- Infelizmente não tenho olfacto - respondeu ela.
O seu apurado sentido de cavalheirismo levou-o a tentar reparar o agravo de imediato.
- Ó minha senhora, não imagina como lamento tamanho desperdício.