segunda-feira, 11 de maio de 2020

Chalamov, Lao Tsé, Rilke


Hoje abri os Contos de Kolimá, de V. Chalamov, e deparei-me com esta passagem:

«A cadeia não gosta de espertos. Na cela, todos se vêem uns aos outros 24 horas por dia. Ninguém tem forças para esconder o seu verdadeiro carácter, para fingir ser quem não é. Na cela de detenção preventiva, nos minutos, horas, dias, semanas, meses, de tensão, de nervosismo, tudo o que há de supérfluo, de arrogante, cai das pessoas como as pinhas do pinheiro.» (p. 79)

Faz lembrar esta outra máxima do Tao Te Ching:

«Quem se ergue nos bicos dos pés não aguenta muito tempo.»

E há ainda esta outra de Rilke de que gosto muito. Não é a mesma coisa, mas tem alguma relação com isto:

«Pois a pobreza é um grande clarão que vem do interior...» (Livro de Horas)