quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Camarão-tigre
Estavam com promoção no Pingo Doce (três camarões-tigre jumbo, c. 600gr, 16€).
Foram escalados e grelhados na chapa de ferro, com sal grosso.
À parte, foi preparado um molho de manteiga (sem sal) derretida, alho picado e malagueta.
Acompanhou com arroz branco.
Foi uma pena o Comilão estar sem paladar, porque parecia delicioso.
Foram escalados e grelhados na chapa de ferro, com sal grosso.
À parte, foi preparado um molho de manteiga (sem sal) derretida, alho picado e malagueta.
Acompanhou com arroz branco.
Foi uma pena o Comilão estar sem paladar, porque parecia delicioso.
terça-feira, 15 de outubro de 2013
The spider
Estou a ler Fragmentos do meu Diário, de Maxim Gorki, num banco da estação de Algés, à espera do meu comboio para o trabalho. O escritor está a contar como encontrou Makov, um peculiar negociante de antiguidades, num barco a vapor para Kazan, que navegava de noite no meio de um espesso nevoeiro. O que se segue é o relato de Makov:
« "[...] E quando abri os olhos, ali à minha frente estava uma criatura estranhíssima - uma aranha de seis pernas, do tamanho de uma cabra pequena, com uma barba e cornos e seios de mulher. Tinha três olhos, dois na cabeça e o terceiro entre os peitos, virados para baixo, a olhar para os meus pés. E onde quer que eu vá ela segue-me, toda peluda, com as suas seis pernas, como uma sombra da lua, e ninguém consegue vê-la a não ser eu, e - aqui está ela! Não a vês, mas está aqui!"
Esticando o seu braço para a esquerda, Makov fez uma festa com a mão a alguma coisa no ar cerca de meio metro acima do convés. Aí limpou a mão no joelho, dizendo:
"Está molhada."
"Queres dizer que tens vivido assim, com a aranha, ao longo destes últimos vinte anos?" perguntei.
"Vinte e três. Ele é o meu guarda, e agora está a ficar doente, a aranha."
"E já falaste com um médico sobre isso?"
"Então, homem, o que poderia um médico fazer? Não é um abcesso que tu possas cortar com um bisturi ou queimar com ácido carbólico ou tirar esfregando com um unguento. Um médico não consegue ver a aranha."»
Mas eu consigo vê-la. Está na manga do meu blusão de pele, a aproximar-se perigosamente do meu pulso. É de cor creme ou amarelada, semi-transparente, e não tem o tamanho de uma cabra: é uma aranha pequena, ainda assim com tudo muito bem definido, inclusive a boca, que parece ter pequenos dentes. Cheio de repulsa, afasto-a com um sopro forte, mas vejo-a presa a uma teia, que trepa até chegar de novo à manga do meu blusão.
Qual é a possibilidade de isto acontecer? De eu estar a ler um capítulo que se chama 'The Spider' e, no preciso momento em que estou a ler sobre uma aranha, olhar para o lado e aparecer-me uma aranha bem real perto da minha cara?! Por que não li estas linhas ontem à noite, como estava previsto? Cépticos e especialistas das estatísticas, expliquem-me, por favor: qual é a probabilidade de isso acontecer?
Venço o receio e deixo a aranha passear à vontade pelo casaco. Acompanho-a com o meu olhar como se fosse um animal de estimação. Chega a tocar-me nos pêlos do pulso, que se eriçam. Depois ela parece ficar assustada, como se percebesse que pode correr perigo. Afasta-se da minha pele e eu prossigo a leitura.
« "[...] E quando abri os olhos, ali à minha frente estava uma criatura estranhíssima - uma aranha de seis pernas, do tamanho de uma cabra pequena, com uma barba e cornos e seios de mulher. Tinha três olhos, dois na cabeça e o terceiro entre os peitos, virados para baixo, a olhar para os meus pés. E onde quer que eu vá ela segue-me, toda peluda, com as suas seis pernas, como uma sombra da lua, e ninguém consegue vê-la a não ser eu, e - aqui está ela! Não a vês, mas está aqui!"
Esticando o seu braço para a esquerda, Makov fez uma festa com a mão a alguma coisa no ar cerca de meio metro acima do convés. Aí limpou a mão no joelho, dizendo:
"Está molhada."
"Queres dizer que tens vivido assim, com a aranha, ao longo destes últimos vinte anos?" perguntei.
"Vinte e três. Ele é o meu guarda, e agora está a ficar doente, a aranha."
"E já falaste com um médico sobre isso?"
"Então, homem, o que poderia um médico fazer? Não é um abcesso que tu possas cortar com um bisturi ou queimar com ácido carbólico ou tirar esfregando com um unguento. Um médico não consegue ver a aranha."»
Mas eu consigo vê-la. Está na manga do meu blusão de pele, a aproximar-se perigosamente do meu pulso. É de cor creme ou amarelada, semi-transparente, e não tem o tamanho de uma cabra: é uma aranha pequena, ainda assim com tudo muito bem definido, inclusive a boca, que parece ter pequenos dentes. Cheio de repulsa, afasto-a com um sopro forte, mas vejo-a presa a uma teia, que trepa até chegar de novo à manga do meu blusão.
Qual é a possibilidade de isto acontecer? De eu estar a ler um capítulo que se chama 'The Spider' e, no preciso momento em que estou a ler sobre uma aranha, olhar para o lado e aparecer-me uma aranha bem real perto da minha cara?! Por que não li estas linhas ontem à noite, como estava previsto? Cépticos e especialistas das estatísticas, expliquem-me, por favor: qual é a probabilidade de isso acontecer?
Venço o receio e deixo a aranha passear à vontade pelo casaco. Acompanho-a com o meu olhar como se fosse um animal de estimação. Chega a tocar-me nos pêlos do pulso, que se eriçam. Depois ela parece ficar assustada, como se percebesse que pode correr perigo. Afasta-se da minha pele e eu prossigo a leitura.
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
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