Trata-se de uma antiga leitaria e de um exemplo típico dos restaurantes de bairro que floresceram em Campo de Ourique. Casa pequena, de ambiente simples mas cuidado, decorada num estilo alentejano-minimalista. Falemos da comida. Couvert de pão tipo saloio com bom paté caseiro. O Comilão pediu manteiga, que não veio no pacote habitual, mas apresentada em fatia generosa sobre pires.
Para prato principal, secretos de porco preto com migas de batata e couve. Cortados em fatias pequenas e muito finas, e regados com azeite e coentros, os secretos eram um manjar dos deuses. As migas acompanhavam lindamente. Foi pena a dose não ser mais abundante. O Comilão também provou o polvo assado com batata a murro, tipo polvo à lagareiro mas cortado em pedacinhos como na salada de vinagrete. Muito bom, também, mas menos surpreendente. Para a sobremesa, sericaia com ameixa rainha-cláudia de Elvas (veio para a mesa já dividido ao meio, o que é simpático). Para acompanhar a sobremesa o Comilão solicitou um copo de vinho (5 euros), que ligou muito bem com a sericaia. Descafeínado.
Veredicto: comida muito bem confeccionada, de qualidade. Doses algo sovinas.
50 euros
4 estrelas
segunda-feira, 27 de junho de 2011
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Um conselho de Robert Zimmerman
An artist has got to be careful never really to arrive at a place where he thinks he's at somewhere. You always have to realize that you're constantly in the state of becoming, you know?
trad.: Um artista tem de ter cuidado para nunca chegar a um sítio onde pense ter conseguido atingir alguma coisa. Devemos ter sempre presente que estamos constantemente em vias de nos tornarmos, percebes?
trad.: Um artista tem de ter cuidado para nunca chegar a um sítio onde pense ter conseguido atingir alguma coisa. Devemos ter sempre presente que estamos constantemente em vias de nos tornarmos, percebes?
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Méson Andaluz
O Méson é talvez o único restaurante de um centro comercial que vale a pena visitar de propósito (outro dia o Comilão também visitou O Madeirense nas Amoreiras, mas não lhe pareceu tão bom como outrora). Fica no Cascais Shopping, para onde se transferiu da sua localização original na Parede. Uma vez que é um restaurante caro, o Comilão e sua mulher costumam optar pela selecção de tapas (qualquer coisa como sete tapas por vinte euros), mas os pratos também costumam ser muito bons. Da última vez escolhemos entradinhas de: maionese de batata, empada de aves, sardinhas de escabeche, favada, salpicão de marisco, cogumelos salteados, saladinha de polvo, uma tortilha e duas belas cervejas. A comida pecou por algum excesso de gordura (e o Comilão nem é esquisito nesse aspecto). Depois houve uma óptima sobremesa de que o Comilão já não recorda, talvez um bolo de chocolate com bola de gelado (o leite creme, ex libris da casa, é delicioso). Serviço competente e muito atencioso.
O credo do credor
Creio que todos me devem
e ninguém me paga.
Creio em liquidar as dívidas
até ao último cêntimo.
Creio que os caloteiros são uma praga
(mas são também o meu sustento).
e ninguém me paga.
Creio em liquidar as dívidas
até ao último cêntimo.
Creio que os caloteiros são uma praga
(mas são também o meu sustento).
Credo do escritor
Para escrever
não é preciso ser bonito,
nem rico,
nem forte.
Basta ter papel e cabeça.
não é preciso ser bonito,
nem rico,
nem forte.
Basta ter papel e cabeça.
Bife na brasa
Este fim-de-semana o Comilão cozinhou um bife que, modéstia à parte, estava muito saboroso. Eis o procedimento:
No supermercado, comprei dois bifes de novilho à cortador, cerca de 250 gr. cada um. Em casa, à falta de martelo para bifes, bati-lhes com a lâmina de uma faca pesada, de forma a as incisões fazerem uma rede. Cortei os nervos nas pontas, para não encurvar. Depois esfreguei-o com alho. Preparei um bom lume de carvão. Coloquei os bifes quando o carvão já estava em brasa e a grelha bem quente. Depois coloquei um pouco de alecrim ao lado das brasas, para o seu fumo perfumar ao de leve os bifes. Só coloquei o sal com os bifes já ao lume, pois antes o sal puxa os sucos da carne, tornando-a mais seca.
A sorte com a carne foi outro factor essencial para o sucesso da receita.
No supermercado, comprei dois bifes de novilho à cortador, cerca de 250 gr. cada um. Em casa, à falta de martelo para bifes, bati-lhes com a lâmina de uma faca pesada, de forma a as incisões fazerem uma rede. Cortei os nervos nas pontas, para não encurvar. Depois esfreguei-o com alho. Preparei um bom lume de carvão. Coloquei os bifes quando o carvão já estava em brasa e a grelha bem quente. Depois coloquei um pouco de alecrim ao lado das brasas, para o seu fumo perfumar ao de leve os bifes. Só coloquei o sal com os bifes já ao lume, pois antes o sal puxa os sucos da carne, tornando-a mais seca.
A sorte com a carne foi outro factor essencial para o sucesso da receita.
Restaurante Sampaio
Fim-de-semana prolongado. Na quinta-feira, jantar em Montemor-o-Novo, num restaurante com tradição que o Comilão frequentou pontualmente noutros tempos, o Sampaio. Para entrada um queijinho seco e um paio de porco preto bons (penso que há uns anos havia croquetes). Depois uma farinheira frita, demasiado gordurosa.
Como a escolha de prato principal não era muito variada (pezinhos de porco, ensopado de borrego e o prato eleito), optou-se pelo Bacalhau à Brás, saboroso, mas regular (imperdoável não vir acompanhado sequer por uma saladinha). Para sobremesa bom melão e bom molotof.
Uma nota: foi pena o ambiente ter qualquer coisa de triste. A um jantar em dia de semana era previsível... A sala - bonita, bem decorada com alfaias agrícolas antigas e as duas talhas cortadas ao meio a esconder os lavatórios - encontrava-se completamente vazia, dominada por uma pequena televisão com o volume demasiado alto (que distraía o empregado, sempre simpático, e atrapalhou o serviço). Depois, já tarde, chegou um grupo de quatro jovens. Essa mesa e a nossa foram as únicas ocupadas naquela noite.
Sampaio
Rua Bento Gonçalves, 2 (estaciona-se na bomba de gasolina)
Montemor-o-Novo
49 euros (refeição para duas pessoas e meia)
Veredicto do Comilão: 2 estrelas (pontuação penalizada por três aspectos: pouca variedade, sala vazia, preço elevado)
Como a escolha de prato principal não era muito variada (pezinhos de porco, ensopado de borrego e o prato eleito), optou-se pelo Bacalhau à Brás, saboroso, mas regular (imperdoável não vir acompanhado sequer por uma saladinha). Para sobremesa bom melão e bom molotof.
Uma nota: foi pena o ambiente ter qualquer coisa de triste. A um jantar em dia de semana era previsível... A sala - bonita, bem decorada com alfaias agrícolas antigas e as duas talhas cortadas ao meio a esconder os lavatórios - encontrava-se completamente vazia, dominada por uma pequena televisão com o volume demasiado alto (que distraía o empregado, sempre simpático, e atrapalhou o serviço). Depois, já tarde, chegou um grupo de quatro jovens. Essa mesa e a nossa foram as únicas ocupadas naquela noite.
Sampaio
Rua Bento Gonçalves, 2 (estaciona-se na bomba de gasolina)
Montemor-o-Novo
49 euros (refeição para duas pessoas e meia)
Veredicto do Comilão: 2 estrelas (pontuação penalizada por três aspectos: pouca variedade, sala vazia, preço elevado)
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Uma receita da minha mãe
Esta noite, ao jantar, o Comilão fez um prato que é muito simples e bastante apreciado lá em casa. Pode-se usar costeletas (magras) ou bifinhos do lombo de porco. Primeiro batem-se os bifes com um martelo de cozinha para a carne ficar mais tenra. Numa frigideira põe-se metade de margarina e metade de azeite.
Quando essa gordura já estiver bem quente coloca-se a carne, temperada com sal e bastante alho esmagado (uma folha de louro é opcional). A carne fica a fritar. Entretanto vai-se fazendo o arroz (primeiro, azeite com um dente de alho, depois junta-se o arroz, que fica a corar um pouquinho, e só então a água, numa proporção um pouco menor do que dois para um, para ficar soltinho).
É muito importante a carne ganhar cor - e para isso o lume não pode estar muito baixo -, deixar as pontas começar a colar à frigideira, ver o alho a adquirir uma tonalidade castanha-alaranjada. Nesse ponto polvilha-se tudo com coentros picados. Espreme-se meio limão, bem distribuído, sobre a frigideira.
Et voilà! Aí fica uma refeição rápida, fácil, barata e, desde que bem feita, muito apetitosa. Atenção: o tempo é fundamental para a carne ficar no ponto desejado - qualquer cozinheiro mediano será capaz de reconhecer, pela cor, o momento oportuno.
Quando essa gordura já estiver bem quente coloca-se a carne, temperada com sal e bastante alho esmagado (uma folha de louro é opcional). A carne fica a fritar. Entretanto vai-se fazendo o arroz (primeiro, azeite com um dente de alho, depois junta-se o arroz, que fica a corar um pouquinho, e só então a água, numa proporção um pouco menor do que dois para um, para ficar soltinho).
É muito importante a carne ganhar cor - e para isso o lume não pode estar muito baixo -, deixar as pontas começar a colar à frigideira, ver o alho a adquirir uma tonalidade castanha-alaranjada. Nesse ponto polvilha-se tudo com coentros picados. Espreme-se meio limão, bem distribuído, sobre a frigideira.
Et voilà! Aí fica uma refeição rápida, fácil, barata e, desde que bem feita, muito apetitosa. Atenção: o tempo é fundamental para a carne ficar no ponto desejado - qualquer cozinheiro mediano será capaz de reconhecer, pela cor, o momento oportuno.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Um poema de António Gedeão
Parece não estar muito em voga, talvez porque a rima tenha saído de moda, mas para o Comilão é um dos grandes poetas portugueses (ou estrangeiros) do século XX. Aqui fica um dos seus bons poemas:
Inútil definir este animal aflito.
Nem palavras,
nem cinzéis,
nem acordes,
nem pincéis
são gargantas deste grito.
Universo em expansão.
Pincelada de zarcão
desde mais infinito a menos infinito.
Inútil definir este animal aflito.
Nem palavras,
nem cinzéis,
nem acordes,
nem pincéis
são gargantas deste grito.
Universo em expansão.
Pincelada de zarcão
desde mais infinito a menos infinito.
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